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Eduardo Nagai
O Seu Guia Literário
Textos

O TEMPO E O POETA

 

O tempo não passa.

Ele permanece.

Sentado à beira da minha cama,

com os olhos de quem já viu tudo

e ainda assim espera.

 

Não me engano mais com o ruído dos ponteiros —

o que envelhece não é o corpo,

é o silêncio entre os gestos,

a lentidão com que se dobra um pensamento

antes de pronunciá-lo em voz alta.

 

Já fui poeta de palavras novas,

agora sou lavrador de entrelinhas.

Cavo o sentido com unhas gastas,

plantando metáforas onde um dia

houve pressa.

 

Há beleza, sim, nas coisas gastas:

na xícara lascada que ainda serve café,

na carta amarelada que não foi enviada,

na lembrança que já não dói,

mas se senta comigo

e partilha o pão.

 

Não escrevo para explicar,

escrevo para resistir.

Cada verso é um modo de dizer:

“ainda estou aqui”,

mesmo que ninguém escute.

 

E sigo.

Não por coragem —

mas porque parar

seria negar o dom secreto

dos que aprenderam

que até a pedra,

com o tempo,

se torna poema.

Prof Eduardo Nagai
Enviado por Prof Eduardo Nagai em 12/07/2025
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